O Serviço Secreto dos Estados Unidos é amplamente reconhecido por sua atuação na proteção do presidente e de outras autoridades governamentais de alto escalão. No entanto, o que poucos sabem é que a agência também exerce um papel silencioso, porém crucial, no combate ao crime cibernético, especialmente relacionado ao universo das criptomoedas. Recentemente, uma reportagem revelou que agentes do Serviço Secreto têm atuado discretamente há quase uma década para recuperar ativos digitais roubados em operações fraudulentas. O trabalho, realizado com extrema precisão e sigilo, já rendeu a recuperação de centenas de milhões de dólares em criptoativos.
Essas informações foram reveladas por integrantes da própria instituição em entrevista à Bloomberg. As operações são coordenadas principalmente por meio do Centro de Operações para Investigações Globais, ou GIOC, que é o braço responsável por investigar crimes financeiros de alcance internacional. De acordo com analistas da divisão, o sucesso das operações se deve a uma combinação de ferramentas de análise blockchain, plataformas de código aberto e, sobretudo, muita paciência. Essa paciência é necessária para rastrear e conectar pontos dentro de uma rede muitas vezes complexa e global de transações em criptomoedas.
Até agora, os resultados têm sido impressionantes. Estima-se que o Serviço Secreto já conseguiu recuperar cerca de US$ 400 milhões em ativos digitais — o que, na cotação atual, representa aproximadamente R$ 2,1 bilhões. A maioria desses fundos foi desviada por meio de fraudes sofisticadas, geralmente envolvendo plataformas falsas de investimento em cripto. O modus operandi se repete em muitos casos: criminosos criam sites que simulam corretoras legítimas de criptomoedas, atraem investidores desavisados com promessas de lucros altos e rápidos, e permitem que esses investidores realizem operações aparentemente normais. Porém, na hora de sacar os lucros, tudo desaparece — desde os ganhos simulados até os valores depositados.
O mais curioso é que a maioria dos criptoativos recuperados está armazenada em uma única carteira digital do governo, uma chamada “cold wallet” — uma carteira física e offline, considerada uma das formas mais seguras de armazenamento. Essa concentração transformou a carteira do Serviço Secreto em uma das mais valiosas do mercado cripto atualmente, ainda que a agência não atue como investidora, mas sim como guardiã de ativos resgatados de criminosos.
Com base nesse histórico bem-sucedido, o Serviço Secreto planeja expandir sua atuação no cenário internacional. A agência já realizou treinamentos em mais de 60 países, com foco especial em nações onde as leis contra crimes digitais ainda são frágeis ou inexistem. O objetivo é formar parcerias estratégicas e transferir conhecimento para fortalecer a luta global contra o roubo de ativos digitais. Diante do crescimento contínuo do mercado de criptomoedas e do aumento de golpes envolvendo esse tipo de ativo, a atuação do Serviço Secreto norte-americano se mostra cada vez mais relevante — e surpreendente para quem pensava que seu único papel era proteger o presidente dos Estados Unidos.