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A tokenização do sistema financeiro global: Brasil fica em evidência

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A tokenização do sistema financeiro global pode estar mais próxima, e o Brasil tem uma vantagem competitiva graças ao Drex, a futura CBDC (Moeda Digital de Banco Central) brasileira.

Uma proposta lançada no mês passado pelo presidente do BIS, Agustín Carstens, traça os contornos do que seria a Finternet, uma “internet financeira” interligando ecossistemas financeiros globais por meio de uma infraestrutura digital de DLTs (livros-razão unificados). Essa infraestrutura seria capaz de suportar a operação segura e eficiente das transações, com sistemas de identidade digital e mecanismos de autenticação. Na sua base, estariam contratos inteligentes, ativos tokenizados e CBDCs.

A ideia da Finternet nasceu, segundo Carstens, da colaboração estreita com o empreendedor indiano Nandan Nilekani, cofundador da big tech indiana Infosys, em conversas que iniciaram em 2023, durante a reunião do G20, na Índia. Nilekani é um dos grandes cérebros de TI por trás da transformação digital da Índia e do sistema de identidade digital Aadhaar.

Um salto para o sistema financeiro

O propósito da Finternet é acelerar as transações financeiras, reduzir custos por meio da automação de processos e destravar novos produtos e serviços digitais, empurrando o sistema financeiro para a modernização sem perder conformidade e padronização. Nas palavras de Cartens e Nilekani, a Finternet pode ser uma plataforma global “capaz de dar a indivíduos e empresas controle total sobre suas vidas financeiras”. Ela será “o momento Neil Armstrong” do sistema financeiro – “um pequeno passo que significa um salto gigantesco para a humanidade”, escrevem.

Os dois assinam o documento do BIS intitulado “Finternet: the financial system for the future”, que detalha o conceito, a arquitetura tecnológica e os componentes necessários para criar essa nova rede financeira, com dados para que as entidades regulatórias e os governos de todos os países possam avançar na discussão. O Drex, aliás, é um dos benchmarks do conceito da Finternet.

No gráfico abaixo, que consta do documento do BIS, está o desenho do ecossistema que nasce com a Finternet. Segundo os autores, o conceito somaria peças de tecnologia inovadora – como tokens, redes programáveis e mobilidade – para “desbloquear o valor da inovação financeira (…) e procurar desmantelar as barreiras e silos que existem no atual sistema financeiro”.

O documento merece uma leitura atenta, porque delineia as bases do que seria um grande salto inclusivo para o sistema financeiro global e, de quebra, oferece um extenso glossário de termos e uma lista considerável de bibliografias que suportam o conceito.

Gráfico: BIS “Finternet: the financial system for the future”

A proposta foi apresentada por Cartens e Nilekani durante um evento organizado pelo Peterson Institute for International Economics, em um debate do qual participaram Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central brasileiro, Changyong Rhee, governador do Bank of Korea, e Joachim Nagel, presidente do Deutsche Bundesbank e membro do conselho do Banco Central Europeu.

O Drex como benchmark

A moeda digital brasileira é citada nominalmente no documento do BIS como “possivelmente a iniciativa mais avançada na direção de tornar os livros-razão unificados uma realidade”.

O projeto do Drex avança no Brasil, mas, em 22 de maio, o Banco Central soltou um comunicado revisando o cronograma de implantação da moeda digital. Um dos gatilhos da decisão foram os aspectos de privacidade das transações que vão circular pela DLT criada pelo BC. “As soluções tecnológicas de privacidade testadas até o presente estágio do piloto não apresentaram a maturidade necessária para que se possa garantir o atendimento de todos os requisitos jurídicos relacionados à preservação da privacidade dos cidadãos, apesar de terem evoluído ao longo do tempo”, diz o comunicado.

A decisão cria uma segunda fase de testes, de julho deste ano até o final do primeiro semestre de 2025, que incorpora novas funcionalidades à DLT, permitindo que as instituições privadas participantes do projeto possam criar e testar a implementação de contratos inteligentes próprios, não se limitando mais aos serviços criados pelo BC. Isso abre a possibilidade de criação de novos serviços e produtos financeiros digitais.

Ao longo do terceiro trimestre de 2024, o BC receberá novas inscrições de entidades interessadas em participar do Piloto Drex. Os selecionados deverão testar a implementação de contratos inteligentes até o fim do primeiro semestre de 2025.

Um relatório recente publicado pela PwC sobre o Drex e seus impactos, intitulado “Drex redefine o futuro do dinheiro”, aponta que esse é um momento importante em que as empresas e instituições do mercado financeiro e de capitais devem se posicionar de maneira estratégica para explorar oportunidades em três áreas-chave: intermediação, emissão e infraestrutura.

Entre os exemplos citados, é importante destacar, por exemplo, a criação de ambientes de negociação, distribuição de ativos, mesas de operações e soluções baseadas em contratos inteligentes, na categoria intermediação. No pilar de emissão, vale citar a tokenização dos ativos físicos, financeiros e intangíveis.

É neste cenário que a ANBIMA está idealizando a futura Rede ANBIMA de Inovação, um ambiente colaborativo e multifacetado com foco em discutir tendências, analisar o impacto de novas tecnologias e idealizar o piloto de soluções que podem impulsionar o mercado de capitais no Brasil. Inicialmente, IA generativa e tokenização serão os pilares da Rede, mas outros eixos temáticos poderão ser criados para acompanhar o surgimento de novas tecnologias e inovações. Entre os projetos engatilhados, está o desenvolvimento, ao lado das instituições financeiras, do piloto de uma rede blockchain padronizada e interoperável para a negociação de ativos tokenizados para o mercado de capitais brasileiro. A ideia é testar, em conjunto, os impactos dessa tecnologia – e descobrir tudo o que ela pode destravar em nosso mercado.

Fonte: Anbima

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