Apesar da proibição da China sobre criptomoedas, os mineradores chineses de Bitcoin ainda exercem um controle significativo sobre a rede global. Em 2021, o governo chinês impôs uma restrição rigorosa sobre a mineração e o comércio de criptomoedas, uma ação que visava principalmente combater fraudes financeiras e preocupações ambientais relacionadas ao elevado consumo de energia da mineração de Bitcoin. Entretanto, essa proibição não foi capaz de eliminar a presença chinesa no cenário global da mineração de criptomoedas. Ainda hoje, os mineradores chineses dominam grande parte da infraestrutura de mineração de Bitcoin.
De acordo com Ki Young Ju, fundador e CEO da CryptoQuant, uma empresa de análise de dados focada em blockchain, a rede de mineração global de Bitcoin continua a ser controlada por pools de mineração chineses. Essas pools, que são basicamente grupos de mineradores que unem seus recursos para aumentar suas chances de minerar blocos de Bitcoin e receber recompensas, ainda desempenham um papel crucial na manutenção e operação da rede de Bitcoin.
Em um post publicado por Ki Young Ju em 23 de setembro, ele afirmou que os pools de mineração chineses controlam aproximadamente 55% da rede global de Bitcoin. Isso significa que mais da metade da capacidade total de mineração do Bitcoin ainda está concentrada em grupos operados por entidades chinesas, apesar das restrições impostas pelo governo do país. Esse dado é surpreendente, considerando o impacto potencial que se esperava que a proibição de 2021 teria sobre o setor de mineração.
No entanto, a liderança da China no domínio da mineração de Bitcoin está lentamente sendo desafiada por empresas de mineração com sede nos Estados Unidos. O mercado de mineração nos EUA tem crescido consideravelmente, principalmente após a repressão da China, o que forçou muitos mineradores chineses a realocar suas operações para países mais permissivos. Nos EUA, o setor de mineração é cada vez mais impulsionado por empresas de grande porte, com investidores institucionais entrando fortemente no mercado. Ki Young Ju destacou que os pools de mineração dos Estados Unidos agora administram cerca de 40% da rede de Bitcoin.
Esse crescimento na participação dos EUA no mercado de mineração de criptomoedas reflete a crescente institucionalização do setor no país. Os pools de mineração nos EUA tendem a atender a mineradores institucionais, ou seja, grandes empresas e investidores com vastos recursos e infraestrutura. Esses players estão trazendo profissionalismo e investimentos de longo prazo para a indústria, buscando se posicionar de maneira dominante à medida que a demanda por Bitcoin e outras criptomoedas continua a crescer.
Em contraste, os pools de mineração chineses, que ainda detêm uma fatia maior do mercado, apoiam principalmente mineradores menores e mais descentralizados na Ásia. Esses mineradores são, muitas vezes, pequenas operações independentes que continuam a operar sob o radar das autoridades, aproveitando-se da infraestrutura já existente e das complexidades de aplicar a proibição em um país tão vasto como a China. Embora a proibição tenha feito com que muitos grandes mineradores chineses deixassem o país, alguns continuam operando discretamente, utilizando técnicas como o mascaramento de seus endereços IP para evitar a detecção pelas autoridades chinesas.
A proibição da China visava essencialmente encerrar a mineração de Bitcoin dentro de suas fronteiras, mas a realidade mostra que, embora muitos mineradores tenham saído do país, a infraestrutura e a influência chinesa sobre o setor global de mineração de Bitcoin ainda estão longe de desaparecer. O que se observa é uma mudança gradual no equilíbrio de poder, com os Estados Unidos se firmando como um competidor sério no setor de mineração de criptomoedas, mas com a China ainda exercendo um controle substancial.
A competição entre os mineradores dos EUA e da China destaca como o mercado de mineração de Bitcoin está evoluindo em um cenário geopolítico cada vez mais complexo. Mesmo com a regulamentação mais rígida de alguns países, a rede de Bitcoin continua a se expandir, e o futuro dessa indústria dependerá em grande parte de como os governos, especialmente os dos EUA e da China, decidirão regulamentar e interagir com essa tecnologia emergente.
Fonte: Cointelegraph