A16z, o fundo de capital de risco da Andreessen Horowitz voltado para criptomoedas, acaba de injetar mais US$ 70 milhões na EigenLayer, plataforma de “restaking” do Ethereum que já conta com mais de US$ 12 bilhões bloqueados. Esse aporte faz parte do segundo round de investimentos e consolida a confiança da A16z no projeto, que havia recebido US$ 100 milhões em sua rodada Série B ainda em fevereiro de 2024. Com o novo aporte, o objetivo agora é impulsionar o lançamento do EigenCloud, uma nova camada de serviço que pretende transformar a forma como desenvolvedores interagem com a blockchain.
EigenCloud se estabelece como uma plataforma de «verifiability-as-a-service», oferecendo recursos essenciais – como armazenamento de dados, computação off‑chain e mecanismos de resolução de disputas – por meio de módulos conhecidos como AVSs (Autonomous Verifiable Services). Entre eles estão o EigenDA (para disponibilidade de dados), o EigenCompute (para execução fora da cadeia) e o EigenVerify (para tratar conflitos). Com isso, abre-se caminho para que qualquer desenvolvedor, seja do universo Web3 ou Web2, construa aplicações confiáveis e auditáveis diretamente no Ethereum, sem a complexidade de criar uma blockchain própria.
Esse modelo permite que, ao mesmo tempo em que os validadores continuam seguros pelo consenso da Ethereum, também participem dos serviços off‑chain, restacando seus tokens EIGEN e recebendo recompensas proporcionais. A lógica econômica é simples: quem aporta garante a segurança da rede e, em troca, é compensado. A A16z ressaltou que esse tipo de mecanismo é o fator que acelera a adoção e viabiliza verdadeiramente novos modelos de aplicação.
O EigenCloud chega em fase “alpha” para um grupo restrito de desenvolvedores, com expectativa de expansão ao longo do ano. Seu uso já está sendo explorado por empresas como a Securitize, que visa integrar o sistema de verificação de dados de precificação para o fundo tokenizado BUIDL da BlackRock, avaliado em US$ 2 bilhões. É um exemplo claro do quanto a ponte entre o mundo cripto e o setor financeiro tradicional já caminha firme, e de que a proposta vai além de simples experimentação: quer ser aplicada em grande escala.
A tecnologia oferece possibilidades reais em áreas como inteligência artificial, seguros on‑chain, jogos totalmente criptografados, mercados de previsão ou plataformas de adjudicação automatizada. Em outras palavras, a mesma integridade garantida por blockchains nativas pode ser estendida a aplicações externas – com o benefício de validação on‑chain sem abrir mão da escalabilidade.
Contudo, há desafios importantes no horizonte. Muitos ainda se perguntam se um sistema de verificação centralizado em Ethereum via EigenLayer representa algum tipo de risco sistêmico. O projeto responde que os mecanismos de “slashing” – penalidades que reduzem ou confiscam participações em caso de mau comportamento – são isolados por AVS e não afetam a rede base. Ainda assim, a eficácia e robustez dessas salvaguardas precisarão ser testadas com o uso em escala.
Por outro lado, essa iniciativa reforça uma tendência macrocrítica no setor: a unificação de processos cripto e tradicionais, criando caminhos mais seguros e econômicos para aplicações distribuídas que fogem das limitações técnicas dos blockchains clássicos como Ethereum. A A16z, através do seu fundo Crypto Fund IV, reforça o bet: o modelo de restaking – onde o mesmo Ethereum protege múltiplos serviços – pode ser a mola propulsora da próxima geração de aplicativos.
Enquanto isso, o mercado acompanhava, e o preço do EIGEN variava: houve queda de cerca de 11% no último dia e quase 30% no mês, negociando por volta de US$ 1,15 – bem abaixo do pico de US$ 5,65 registrado em dezembro de 2024. Apesar da oscilação, o suporte financeiro da A16z e a expansão do uso em níveis institucionais indicam que estamos apenas no começo de um novo ciclo de inovação.
A trajetória da EigenLayer e seu modelo de restaking representam uma evolução econômica e técnica no universo Ethereum. O lançamento do EigenCloud, com respaldo pesado de investidores e aplicação concreta em grandes players do mercado, sinaliza que a criptografia está mesmo cruzando o limite entre experimentação e adoção real em sistemas de infraestrutura digital global. Aguardemos a chegada da fase beta e a adoção por desenvolvedores e empresas ao redor do mundo.
