Muito se ouve falar sobre Blockchain, mas poucos de fato se interessam em saber o que é. Um erro grave, cometido por muitos, é a negligência perante um assunto novo ou “complicado” única e exclusivamente por supor erroneamente que aquele assunto não irá lhe afetar (pois não é da sua área), logo, não há necessidade de perder o seu tempo aprendendo.
Hoje vou falar um pouco sobre algumas características do tão falado “Blockchain” e por que você deveria colocar esse assunto naquela listinha de coisas novas para aprender, mas, claro, colocando Blockchain como prioridade imediata. Vamos?
Blockchain é um termo em inglês que, na tradução literal, significa cadeia de blocos (não só na tradução; é exatamente isso, uma cadeia de blocos). Blocos? Sim, nós estamos cada vez mais inseridos no mundo digital, e as informações têm que transitar de alguma forma. Para que fique mais fácil a visualização, te convido a imaginar uma corrente de metal. Sabe cada argolinha da corrente? É um bloco. Dentro desse bloco estão milhares de informações (podendo ser informações referentes a mensagens, valores, posses… e por aí vai).
Cada bloco é ligado ao anterior em forma de “cadeia”, e, para que haja a criação de um novo bloco, é necessária a checagem da informação de todos os outros anteriores.
Para isso, tome como exemplo uma pasta de arquivos (contendo inúmeros arquivos): você envia essa pasta para outra pessoa, o destinatário então a envia para outra pessoa, e assim sucessivamente. Porém, em um determinado ponto, alguém resolve mudar algum arquivo nessa pasta e passá-la adiante.
Quem adicionou uma informação nova pode ter colocado algo de relevante a mais, por achar útil para o próximo. Como também pode tirar algo de relevante por não querer que o próximo tenha acesso. Ou seja, independentemente do intuito da mudança, há um fato: houve a mudança.
É devido a um dos, se não o principal, princípios do Blockchain que as informações podem ser consideradas inalteradas por todos – o princípio da imutabilidade.
Uma vez que algo é inserido em um bloco (pasta de arquivos), essa informação nunca mais poderá ser alterada. No momento de uma tentativa de alteração por alguém, essa pasta seria taxada como corrompida para o próximo destinatário (o que, na prática, nem chegaria a acontecer, já que o bloco alterado não seria nem transmitido por não conter exatamente todas as informações dos blocos anteriores).
Essa auditoria é realizada por computadores espalhados no mundo todo (qualquer um pode fazer parte), em cerca de 10 em 10 minutos (média de tempo para que um novo bloco de Bitcoin seja inserido na rede), isso sendo relativamente “demorado”, visto que, em outras redes, esse processo é feito a cada 15 segundos. Todos os computadores conferem se aquele bloco novo corresponde às informações dos blocos passados (adicionando, claro, as novas informações que darão seguimento à continuidade da rede).
Além disso, o Blockchain é parcialmente anônimo e também público. Ou seja, tudo o que um determinado indivíduo (que dentro da rede é um conjunto de letras e números e não “João”) fizer é exposto para todos, necessitando apenas que você saiba que aquela pessoa é dona daquele determinado endereço.
Agora, pegue essa analogia e aplique-a a redes sociais, transações bancárias, registros de imóveis, fichas médicas… Os usos são infinitos.
Então tudo deveria migrar para a Blockchain, que nunca mais teríamos problemas com provar nada, certo? Certíssimo, a criptografia sozinha já é capaz de garantir que um indivíduo prove que é ele, sem necessitar fornecer NENHUMA informação pessoal para isso.
Mas, como tudo na vida, existe o outro lado da moeda.
Não existe só uma Blockchain, na verdade, existem milhares, e, a cada dia, surgem mais ainda. O outro lado da moeda, quando se trata do Blockchain, é a centralização. Lembra que é praticamente um livro público imutável, né? Pois é, mas em uma Blockchain centralizada, o princípio da imutabilidade é colocado em jogo: o criador/administrador pode alterar as informações contidas, pois o poder de todo o livro está nas mãos dele. É como se uma Blockchain descentralizada fosse um livro cunhado em uma chapa de metal (imutável), e a centralizada fosse um livro escrito com um lápis (só depende de alguém querer passar a borracha)…
Ah… quase esqueço: dependendo do nível da centralização, o anonimato parcial mencionado anteriormente também pode ser perdido.
Por esses, e vários outros motivos, a maioria opta por participar de Blockchains descentralizadas, não por não quererem ser identificados, mas por terem tanto caráter e conforto em suas ações que estão dispostos a deixá-las gravadas para sempre.
E aí? Você vai para qual? Conta aí!