Quer receber novidades exclusivas do Cripto Investing? Assine a nossa Newsletter!

Dólar à beira dos R$ 5,60: moeda americana tem maior avanço semestral desde a pandemia

Compartilharam
0
Visualizaram
0 k
Postar no Facebook
Twitter
WhatsApp

Artigos Relacionados

No último pregão do mês e do primeiro semestre, o dólar registrou, na última sexta-feira, 28, uma alta de 1,47%, fechando o dia a R$ 5,58. Esta é a maior cotação desde o início de janeiro de 2022. No acumulado do ano, a valorização atingiu 15,14%, marcando o maior avanço em relação ao real desde o primeiro semestre de 2020, quando foi de 35,51%.

A alta do dólar neste primeiro semestre se destaca quando comparada ao desempenho da moeda americana frente a outras divisas de países emergentes. O dólar subiu bem menos em relação à lira turca (11,01%); ao peso mexicano (7,97%); ao peso colombiano (7,15%); ao peso chileno (7,06%); e à rupia indiana (0,23%), entre outras.

O mau humor também apareceu na bolsa de valores. Principal referência do mercado, o Ibovespa fechou o semestre com uma perda nominal de 7,66%, em contraste com um ganho de 7,61% no mesmo período de 2023. Este resultado só perde para a baixa de 17,8% no primeiro semestre de 2020, auge da crise sanitária causada pela pandemia. No dia, o índice recuou 0,32%, encerrando aos 123,9 mil pontos.

Já pressionado por fatores externos, como a indefinição no corte de juros nos EUA (que tem influência sobre o valor do dólar e o fluxo de recursos no mundo) e dúvidas sobre o quadro fiscal no Brasil, o mercado começou o dia sob o peso de novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a atual política monetária e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Desta vez, em entrevista à Rádio O Tempo FM, de Belo Horizonte, Lula afirmou que o patamar de 10,50% para a Selic “é irreal para uma inflação de 4%” e que Campos Neto “não está fazendo o que deveria fazer corretamente”. Em reunião na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC decidiu, por unanimidade, interromper uma sequência de sete cortes da taxa básica de juros, mantendo-a em 10,50% ao ano.

“Isso vai melhorar quando eu puder indicar o presidente do Banco Central, e vamos construir uma nova filosofia”, completou Lula, o que foi interpretado pelo mercado como uma indicação de que o governo pode aumentar a interferência sobre o BC após a saída do atual presidente, em dezembro deste ano.

“O presidente da República não pode ficar brigando com o presidente do Banco Central”, disse Lula. “O presidente da República não vai ficar dando palpite para baixar ou aumentar os juros. O chefe do Executivo tem de confiar no presidente do BC.” No caso do dólar, Lula sugeriu ainda que a cotação tem sido puxada por “especulação com derivativos” para enfraquecer o real.

“Foi ele (Lula) começar a falar para o dólar começar a subir”, afirmou o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do BC e consultor da A.C. Pastore & Associados, acrescentando que não houve nenhum fator externo suficientemente forte para justificar o movimento da moeda no dia. O economista avalia que reações do mercado como a vista ontem tendem a continuar enquanto o presidente seguir fazendo declarações semelhantes. “Enquanto o presidente continuar a falar cretinices, o mercado reagirá negativamente.”

Visto hoje no mercado como o principal candidato para o posto de Campos Neto, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, afirmou ontem que o patamar do câmbio chama a atenção da instituição. “Neste momento, o tema que tem chamado atenção do BC é o câmbio. O câmbio tem estado bastante descolado dos seus pares, desvalorizando rápido. Temos debatido e observado câmbio e seus impactos para a economia”, disse. “Economia aquecida e hiato apertado sugerem desinflação mais lenta ou custosa. E um câmbio elevado também sugere desinflação mais lenta ou custosa.”

Ele afirmou ainda que a autonomia da instituição não significa “virar as costas para a sociedade ou para o governo”. Para ele, o debate está contaminado por interpretações imediatistas de termos e propostas, que não abrem espaço para a mediação de ideias. Galípolo participou, no Rio, de evento organizado pela Fundação Getulio Vargas.

*Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe:

Postar no Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
Email