O mercado de criptomoedas tem vivido semanas intensas, com destaque para o crescimento expressivo dos ETFs (fundos de índice) de Bitcoin à vista. Esses produtos, que replicam o desempenho do ativo diretamente, vêm atraindo cada vez mais investidores institucionais, levando o total de ativos sob gestão para quase US$ 150 bilhões. O movimento sinaliza não apenas a força da demanda, mas também uma mudança de postura no mercado tradicional, que já considera o Bitcoin uma alternativa viável para alocação de tesouraria.
Grandes empresas fora do setor financeiro estão começando a incluir criptoativos em seus balanços. Um dos casos mais comentados recentemente é o da Figma, que revelou em documentos oficiais ter comprado US$ 70 milhões em ETFs de Bitcoin e alocado mais US$ 30 milhões em stablecoins (USDC) para compras diretas da criptomoeda. Esse tipo de movimentação reforça a entrada de empresas de tecnologia no universo cripto e mostra que a diversificação de caixa por meio de ativos digitais está se tornando uma estratégia cada vez mais comum.
ETFs além do Bitcoin: Solana abre uma nova categoria
A onda de ETFs não se limita mais ao Bitcoin. No dia 2 de julho, foi lançado o primeiro ETF de Solana com staking habilitado, um marco importante para o setor. Esse novo tipo de fundo permite que os investidores tenham acesso ao rendimento proveniente do mecanismo de prova de participação (proof-of-stake), mantendo, ao mesmo tempo, os benefícios da estrutura regulamentada e acessível de um ETF tradicional.
A introdução desse produto sinaliza uma evolução nos instrumentos de investimento cripto e abre espaço para outros ativos de prova de participação, como o Ethereum, seguirem o mesmo caminho. À medida que os reguladores se mostram mais receptivos a produtos baseados em staking, é provável que vejamos um leque maior de ETFs similares surgindo nos próximos meses.
Outro fenômeno que tem ganhado tração é a adoção de criptoativos como parte da gestão de tesouraria corporativa. Empresas que anunciaram alocações em Bitcoin ou outros ativos digitais observaram uma recepção positiva do mercado, com valorização das ações e maior visibilidade pública. Esse comportamento pode funcionar como um ciclo de incentivo, onde o bom desempenho dos papéis motiva novas alocações, o que, por sua vez, impulsiona ainda mais os preços.
Essa dinâmica cria um feedback positivo entre adoção e valorização de mercado, algo que pode ganhar escala significativa nos próximos trimestres. Se grandes empresas seguirem esse modelo, a liquidez e a legitimidade do mercado cripto poderão alcançar novos patamares.
Novos ETFs a caminho: XRP, Dogecoin e além
O mercado aguarda ainda a aprovação de diversos ETFs pendentes, com destaque para ativos como XRP e Dogecoin, que já possuem solicitações arquivadas junto às autoridades reguladoras. O sucesso dos ETFs de staking, como o de Solana, pode acelerar os trâmites de análise e liberação desses novos produtos.
Essa expansão mostra que o setor está deixando de ser visto apenas como especulativo e passando a fazer parte do portfólio institucional e da estrutura de produtos financeiros globais. Produtos que oferecem mecanismos de geração de rendimento — como os baseados em staking — devem ter papel central nesse novo momento, oferecendo aos investidores uma alternativa de retorno contínuo com base em ativos digitais.
O avanço dos ETFs de Bitcoin e a criação de novos produtos baseados em staking marcam uma nova fase da institucionalização do mercado cripto. Com quase US$ 150 bilhões sob gestão, esses fundos estão se consolidando como veículos de acesso confiável e regulamentado para investidores institucionais e empresas que desejam exposição ao setor.
A entrada de grandes companhias fora do universo financeiro, o lançamento de ETFs mais sofisticados e o pipeline crescente de novos ativos prestes a serem aprovados demonstram que o mercado cripto está cada vez mais integrado ao sistema financeiro tradicional — e com potencial de se tornar um dos principais pilares de diversificação e rendimento nos próximos anos.