O mercado de criptomoedas vive um momento de reconfiguração silenciosa, mas poderosa. Pela primeira vez em anos, Ethereum (ETH) está prestes a alcançar a paridade com o Bitcoin (BTC) no volume de contratos futuros negociados, um sinal claro de que a segunda maior criptomoeda do mundo está deixando de ser apenas “a alternativa” para assumir um protagonismo cada vez mais evidente no cenário institucional.
Em junho de 2025, a razão entre os volumes de futuros de ETH e BTC atingiu impressionantes 0,98 — ou seja, para cada dólar movimentado em contratos futuros de Bitcoin, quase um dólar foi negociado em Ethereum. Essa proximidade nunca havia sido registrada de forma tão expressiva, e especialistas consideram o movimento um marco histórico no mercado de derivativos cripto.
Ethereum rouba a cena
Os dados de volume deixam claro: Ethereum está ganhando a confiança dos grandes players. Em alguns dias de junho, os contratos futuros de ETH chegaram a ultrapassar os de BTC em volume diário, com cifras que superaram US$ 110 bilhões, enquanto o Bitcoin ficou próximo de US$ 87 bilhões. O crescimento acelerado do ETH nesse mercado é atribuído a uma combinação de fatores, entre eles o aumento da alavancagem, o interesse institucional renovado e a expectativa de novos produtos financeiros atrelados ao ativo.
Além disso, traders e analistas apontam que a estrutura da Ethereum — com seus contratos inteligentes, dominância em finanças descentralizadas (DeFi) e papel central na tokenização de ativos — a posiciona como um ativo mais versátil e com múltiplos usos no mundo real. Essa percepção parece estar se traduzindo em volume e, consequentemente, em poder de mercado.
Volatilidade, oportunidades e riscos
Com o crescimento da negociação de futuros vem também a volatilidade. Ethereum tem registrado maiores oscilações do que o Bitcoin, impulsionadas por um aumento na exposição alavancada dos investidores. O número de liquidações de contratos ETH — ou seja, operações encerradas automaticamente por falta de margem — superou as de BTC em vários momentos, mostrando que os traders estão apostando pesado na alta (e, em alguns casos, errando a mão).
Esse ambiente, embora mais arriscado, também cria oportunidades. O mercado percebe que o ETH está próximo de romper resistências importantes, com o patamar de US$ 3.000 sendo citado como o próximo grande alvo. Caso a paridade de volumes com o Bitcoin se mantenha ou se consolide, a pressão de compra pode se intensificar ainda mais.
O que isso significa para o mercado?
A quase paridade entre Ethereum e Bitcoin no mercado de futuros pode ser um divisor de águas. Historicamente, o Bitcoin dominou tanto o mercado à vista quanto o de derivativos. Agora, vê-se diante de um concorrente que cresceu não apenas em valor de mercado, mas também em maturidade institucional.
Esse movimento pode sinalizar o início de uma nova dinâmica no ecossistema cripto, com Ethereum assumindo um papel mais central nas decisões estratégicas de alocação de capital. Além disso, o fenômeno pode beneficiar o setor como um todo, abrindo espaço para que outras altcoins ganhem protagonismo e atraiam liquidez institucional.
Ethereum está, de fato, subindo de patamar. A proximidade com o volume de futuros do Bitcoin não é apenas uma estatística de mercado, mas um reflexo da mudança de percepção dos investidores em relação ao ativo. Se há alguns anos o ETH era visto como um “primo tecnológico” do BTC, hoje se posiciona como um ativo fundamental, com múltiplas aplicações e um ecossistema vibrante por trás.
A liderança do Bitcoin ainda é forte, mas Ethereum está mostrando que pode dividir os holofotes — e, quem sabe, até tomar o centro do palco nos próximos capítulos dessa história.