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Grécia realiza primeira apreensão de criptomoedas após mega-ataque à Bybit

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Em um desdobramento significativo da investigação do roubo de US$ 1,5 bilhão da exchange Bybit, autoridades gregas conseguiram apreender uma parte dos ativos roubados—marcando a primeira vez que o país sequestra oficialmente criptomoedas relacionadas a crime. A operação foi conduzida pela Autoridade Helênica Antilavagem (Hellenic Anti-Money Laundering Authority), que rastreou movimentações suspeitas até uma carteira vinculada à gigantesca invasão hack que havia ocorrido em fevereiro de 2024.

Como se deu a apreensão e qual foi o processo

A captura foi possível após a identificação de uma transferência incomum num usuário de uma corretora com registro na Grécia. Utilizando uma ferramenta avançada de análise de blockchain, a equipe especializada conseguiu traçar o fluxo dos fundos até uma carteira envolvida no saque dado pelo grupo Lazarus, origem do crime atribuído a hackers norte-coreanos. Com base nisso, um mandado judicial permitiu o bloqueio imediato da carteira em questão, incluindo seus ativos, que agora seguem sob custódia e análise judicial.

Essa operação tornou-se geralmente vista como um marco, pois se trata da primeira incautação oficial de ativos digitais ligados a crime de grande porte realizada na Grécia. O caso já seguiu para avaliação do Ministério Público grego, que deverá verificar eventuais responsabilidades criminais do detentor e possíveis conexões com redes internacionais de lavagem de dinheiro.

Ferramentas e cooperação público-privada

A chave para o sucesso da operação foi o uso de tecnologias de rastreamento de blockchain, adquiridas pela autoridade antiesquemas em 2023. Essas ferramentas, integradas por meio de parcerias com fornecedores especializados, permitiram visualizar toda a complexa teia de transações realizada pelos hackers. Conforme detectada, a movimentação foi monitorada desde as carteiras iniciais atribuídas à invasão até os pontos de recepção, possibilitando que as autoridades bloqueassem os ativos em tempo real.

Além da tecnologia, a operação contou com cooperação internacional—incluindo avisos da agência dos EUA sobre os endereços envolvidos no ataque, bem como compartilhamento de informações entre instituições públicas e privadas. Essa articulação foi vital para que a identificação dos suspeitos e a ação legal contra a wallet na Grécia fossem possíveis.

Contexto global do hack à Bybit

Em fevereiro de 2024, a exchange Bybit sofreu um dos maiores ataques da história cripto: mais de US$ 1,4 bilhão foram desviados por meio da exploração de uma vulnerabilidade durante uma transferência de fundos de carteira fria para carteira ativa. O grupo Lazarus, da Coreia do Norte, foi apontado como autor. Após o ataque, os hackers converteram parte dos ativos em Bitcoin, movimentando os recursos por meio de shuffles de tokens, mixers e conversões em massa que dificultaram o rastreamento.

Desde então, os mecanismos para recuperação têm sido intensos: a Bybit ofereceu recompensas milionárias por informações que levem à recuperação dos fundos, e diversas autoridades pelo mundo conduziram operações de bloqueio e apreensão — incluindo ação na Alemanha, Canadá e agora Grécia.

Desdobramentos jurídicos e implicações

Com a carteira congelada na Grécia, o caso vai a um tribunal que deverá investigar se o titular da conta atuou conscientemente como intermediário na lavagem dos ativos. Mesmo a ausência de comprovante de dolo não isenta o investigado: a legislação prevê punições para receptadores ou facilitadores de crimes financeiros. A investigação pode se expandir até edifícios de laços com outras jurisdições, fortalecendo a tensão contra redes de lavagem globais vinculadas a cibercrimes de grande escala.

E o que isso muda para o mercado cripto?

A operação grega sinaliza uma evolução importante na forma como autoridades tratam crimes com criptomoedas. A capacidade de rastrear e atuar judicialmente sobre ativos digitais reforça a efetividade da aplicação da lei no ambiente cripto, até mesmo em países tradicionalmente menos envolvidos no setor. Isso pode levar a uma maior retenção de ativos ilícitos e a um sinal claro de que o anonimato cripto não é absoluta barreira contra ações judiciais.

Empresas do setor devem intensificar seus controles de compliance e atualização de cadastros de usuários, assim como ajustar políticas de reporte e monitoramento. O caso torna-se um aviso para potenciais ilícitos: mesmo após diversas camadas de lavagem digital, existe risco real de bloqueio e responsabilização.

A apreensão de parte dos fundos roubados na invasão à Bybit representa um marco significativo para o combate ao crime cripto na Grécia e reforça uma tendência global: o avanço da investigação forense digital e a adoção de regulação mais rígida no setor. A ação demonstra que, com tecnologia e cooperação internacional, mesmo transações complexas realizadas por hackers sofisticados podem ser quebradas — e os culpados responsabilizados. Para o mercado como um todo, o episódio destaca a importância de governança e segurança, reforçando que, no universo cripto, anonimato não é sinônimo de impunidade.

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