A gigante global de pagamentos Mastercard está em negociações avançadas para adquirir a startup de infraestrutura de criptomoedas Zero Hash, em um negócio que pode chegar a US$ 2 bilhões, de acordo com informações divulgadas pela revista Fortune e confirmadas por outras fontes de notícias financeiras. A transação, se concretizada, representa um dos mais ousados movimentos da Mastercard no setor de ativos digitais e sublinha o crescente interesse de grandes empresas de finanças tradicionais em se aprofundarem no mundo das criptomoedas.
A Zero Hash, uma startup de Chicago, é uma peça-chave no ecossistema de cripto, fornecendo a infraestrutura tecnológica que permite a outras empresas de tecnologia financeira (fintechs) e instituições financeiras oferecerem serviços de cripto de forma integrada e em conformidade com as regulações. A empresa atua como um “crypto-as-a-service”, removendo as complexidades técnicas e regulatórias da conversão de moeda fiduciária para cripto, da custódia e do trading. Essa capacidade é altamente valorizada, especialmente por grandes bancos e plataformas de trading que desejam entrar no mercado sem ter que construir a tecnologia e a estrutura de compliance do zero.
O principal motor por trás do interesse da Mastercard parece ser a crescente importância das stablecoins, criptomoedas atreladas a moedas fiduciárias como o dólar americano. Com a Zero Hash, a Mastercard ganharia um atalho para se posicionar como um player dominante na infraestrutura de pagamentos com stablecoins. Segundo reportagens, a Zero Hash já processou bilhões de dólares em fluxos de fundos tokenizados. Ao controlar essa camada de liquidação e conformidade, a Mastercard poderia garantir sua relevância em um cenário onde mais pagamentos podem migrar das redes de cartões tradicionais para canais diretos de stablecoins.
A aquisição da Zero Hash complementaria e aceleraria a estratégia de criptomoedas da Mastercard, que já vinha se movendo nessa direção. Em 2022, a empresa lançou o programa “Crypto Source”, que permite que instituições financeiras ofereçam serviços de trading de criptomoedas aos seus clientes em parceria com custodiantes regulamentados. A Zero Hash traz um conjunto de ferramentas e licenças regulatórias, incluindo a BitLicense de Nova York, que seria difícil de replicar rapidamente pela Mastercard. A aquisição seria uma maneira de consolidar e expandir rapidamente essa capacidade, alavancando a base de clientes já existente da Zero Hash, que inclui gigantes como Interactive Brokers e Morgan Stanley.
Essa movimentação da Mastercard não é um evento isolado, mas sim um sinal claro de que as grandes empresas de pagamentos estão se adaptando ao futuro financeiro, que cada vez mais inclui ativos digitais. A concorrência nesse espaço está se intensificando. A Fortune notou que a Mastercard pode ter perdido a disputa por outra empresa de pagamentos cripto, a BVNK, para a Coinbase. Essa batalha por talento e tecnologia cripto demonstra que as empresas financeiras tradicionais estão cientes da ameaça que as inovações em blockchain podem representar para seus modelos de negócios e estão agindo para se manterem à frente da curva.
Para a Zero Hash, a venda seria um marco significativo. A startup, que atingiu o status de unicórnio com uma avaliação de US$ 1 bilhão em setembro de 2025 após uma rodada de financiamento, veria seu valor ser potencialmente duplicado em pouco mais de um mês, refletindo a rapidez com que a demanda institucional por infraestrutura cripto está crescendo. Se o acordo for fechado, a combinação da experiência em tecnologia de cripto da Zero Hash com o vasto alcance global da Mastercard poderia remodelar a forma como empresas e consumidores interagem com ativos digitais. A fusão não apenas aceleraria a adoção de criptomoedas, mas também a integraria profundamente no sistema financeiro global.
A transação, no entanto, ainda não está finalizada e pode falhar, como apontam as fontes. A incerteza regulatória ainda paira sobre o mercado de cripto, e grandes aquisições estão sujeitas a escrutínio. No entanto, o simples fato de uma empresa do calibre da Mastercard estar disposta a fazer um investimento tão significativo em uma startup de cripto indica uma mudança tectônica na percepção e aceitação dos ativos digitais. É um endosso poderoso para o potencial da tecnologia blockchain e um prenúncio de um futuro onde a linha entre finanças tradicionais e o mundo das criptomoedas será cada vez mais tênue.