Os mercados globais tiveram um desempenho positivo nesta sexta-feira, impulsionados pelas expectativas de que dados fracos sobre o emprego nos Estados Unidos reforçarão a probabilidade de um corte de juros pelo Federal Reserve. Os dados preliminares de pedidos de auxílio-desemprego vieram acima do esperado, sugerindo uma desaceleração no mercado de trabalho — o que favorece o cenário de afrouxamento monetário. Com isso, os futuros dos índices acionários americanos, como S&P 500 e Nasdaq, avançaram, com o índice S&P surgindo próximo de recorde histórico, reforçando o otimismo dos investidores.
Na Ásia, o sentimento acompanhou o otimismo de Wall Street, com ganhos em Tóquio, Sydney e Hong Kong. A expectativa favorável ao corte de juros nos EUA ajudou a derrubar os rendimentos dos títulos de longo prazo — que voltaram aos níveis mais baixos dos últimos meses — impulsionando ainda mais a movimentação nos mercados de ações.
Euro e Ações Europeias Recuperam Fôlego
Os mercados europeus abriram em alta, apoiados pela estabilização dos rendimentos das dívidas de longo prazo após preocupações fiscais recentes. A recuperação foi facilitada também pelo clima positivo de Wall Street. Os principais índices do continente registraram ganhos moderados, com o STOXX 600 e os índices nacionais como FTSE e CAC-40 avançando.
No segmento de commodities e moedas, o dólar retraiu levemente, enquanto o euro e outras moedas importantes apresentaram valorização marginal. O ouro, que vinha se fortalecendo nos últimos dias, ganhou um pouco mais, beneficiado pelas expectativas de juros menores nos EUA. Quanto ao petróleo, os preços recuaram pela terceira sessão consecutiva, à medida que o mercado aguarda a reunião da OPEP+, que pode sinalizar maior produção a partir de outubro.
Fluxos Globais — Investidores Migrando para Ações e Ativos Refúgio
A semana foi marcada por influxos significativos em fundos globais de ações, o maior recebimento semanal desde meados de agosto. Ao todo, cerca de US$ 10,65 bilhões foram alocados em fundos de ações mundo afora. Destinaram-se US$ 3,85 bilhões à Europa, US$ 3,3 bilhões à Ásia e US$ 2,42 bilhões aos EUA. O setor de tecnologia foi o principal alvo, seguido por instituições financeiras e metais preciosos.
Nos mercados de renda fixa, o fluxo positivo continuou, com US$ 18,74 bilhões ingressando em fundos de títulos, enquanto os fundos de mercado monetário viram contributions de US$ 57,59 bilhões — o maior movimento em quatro semanas. Já os fundos vinculados a ouro e outros metais preciosos receberam US$ 5,2 bilhões, o maior volume desde novembro de 2021. Ações e títulos de mercados emergentes também atraíram investimentos, com US$ 1,05 bilhão e US$ 2 bilhões respectivamente, refletindo confiança na recuperação desses mercados.
Duelo entre Dados e Política — Aguardando o Relatório de Emprego
O cenário global está pendente pela divulgação do relatório oficial de empregos (nonfarm payrolls) nos EUA, considerado o termômetro decisivo para a política monetária americana. A proximidade do evento mantém os mercados em alerta, com os agentes ajustando suas apostas para o possível corte de juros já no mês corrente.
Analistas destacam que o crescimento robusto dos preços de ativos e os fluxos expressivos para fundos de ações e títulos refletem um otimismo contido. Por outro lado, ainda pesam as incertezas políticas e fiscais, sobretudo na Europa, onde tensões com gastos públicos e instabilidade governamental continuam impactando os rendimentos de títulos soberanos.
Em resumo
- Expectativas de corte de juros impulsionam ações e reduzem rendimentos de títulos;
- Mercados asiáticos se beneficiam do ritmo positivo americano e mostram ganhos consistentes;
- Europa repõe terreno perdido, com ação otimista e rendimentos em queda;
- Fluxos robustos fortalecem fundos de ações, títulos e ouro globalmente;
- Olhar atento aos EUA, onde o relatório de emprego pode confirmar a trajetória de afrouxamento monetário.
O quadro atual destaca um mercado global impulsionado por expectativas de estímulo monetário, com investidores recalibrando estratégias e voltando atenção aos dados econômicos que definirão os próximos passos das políticas centrais.
Com informações de Reuters.