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Ministério da Fazenda Rejeita Reserva Estratégica de Bitcoin: Riscos Superam Inovação

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O Brasil está no epicentro de um debate acadêmico e político sobre a criação de uma reserva estratégica de Bitcoin. A proposta, que sugere que até 5% das reservas internacionais do país sejam alocadas na criptomoeda, foi levada ao Congresso por meio do Projeto de Lei 4.501/2024. Seu objetivo declarado é diversificar os ativos do Tesouro Nacional, oferecer proteção contra oscilações cambiais e servir de alicerce para o Real Digital (Drex), a futura moeda digital brasileira. Mas, apesar das intenções disruptivas, o Ministério da Fazenda e o Banco Central colocaram o pé no freio — e com razão.

Principais Motivos da Rejeição

1. Volatilidade incompatível com reservas soberanas
A função primordial de ativos que compõem as reservas internacionais é oferecer segurança, liquidez e previsibilidade. O Bitcoin, por sua natureza altamente volátil, não se encaixa nesse perfil. O consagrado padrão de estabilidade exigido para esses ativos simplesmente não é atendido, especialmente em momentos de instabilidade global, quando o BTC tende a se comportar como ativo de risco.

2. Confusão entre política pública e políticas de incentivo
O Ministério da Fazenda alerta que a proposta mistura dois universos distintos: a prudente gestão de reservas e a política industrial. Ao obrigar o governo a criar uma reserva em BTC, o texto do PL conflita com as atribuições do Banco Central e do Tesouro, criando precedentes complexos e jurídicos que não estão previstos nas estruturas atuais.

3. Risco fiscal e impacto no orçamento
A criação compulsória de uma reserva em Bitcoin poderia gerar obrigações financeiras significativas. Como estipula a legislação fiscal, qualquer despesa pública precisa estar acompanhada de previsão de impacto orçamentário. A falta dessa previsão torna o projeto resistente a princípios de responsabilidade fiscal, podendo enfraquecer a disciplina econômica do país.

4. Risco reputacional e pressão política em quedas de mercado
Adicionar o BTC às reservas nacionais poderia enviar o sinal equivocado ao mercado: “O governo garante o valor dessa criptomoeda.” Se seu preço despencar, isso poderia gerar uma demanda política por socorros — o que caracteriza exatamente o que se chama de risco moral. O impacto político e a potencial percepção de irresponsabilidade econômica são, portanto, grandes preocupações.

O Papel das Instituições

Banco Central (BC)
O BC foi claro: o Bitcoin não atende aos critérios necessários para integrar um portfólio de reservas. Além da volatilidade, o ambiente jurídico ainda é incerto, com pouca padronização internacional para criptoativos. Simulações realizadas internamente indicam que até mesmo uma alocação modesta (como 5%) elevaria consideravelmente o risco da carteira de reservas. Portanto, o organismo considerou o tom cético e cauteloso.

Ministério da Fazenda
A Fazenda reconhece o valor da blockchain como inovação tecnológica. No entanto, destacou que inovação não pode se sobrepor às regras de prudência fiscal. A confusão entre tecnologia disruptiva e reserva estratégica é algo que merece ser observado, mas sem atentar contra a estabilidade monetária e fiscal do país.

Uma Voz Favorável, mas Isolada

No campo contrário, destacou-se Pedro Henrique Guerra, chefe de gabinete do vice-presidente. Ele fez uma analogia entre o Bitcoin e o ouro: um “ouro digital” mais escasso, líquido e acessível. Para ele, investir em BTC poderia modernizar o Brasil, reduzir custos de manutenção de reservas e estimular o setor de blockchain nacional, inclusive ajudando a consolidar o Drex.

No fundo, o debate pinta um cenário de dois mundos: entre inovação e preservação. Enquanto alguns veem no Bitcoin uma revolução monetária, o governo — através de seus órgãos centrais — aposta no conservadorismo, no equilíbrio fiscal e na previsibilidade. A proposta está longe de ser abandonada totalmente, mas seu avanço dependerá de ajustes que garantam segurança econômica, respaldo jurídico e respaldo orçamentário. Por ora, o Brasil opta por uma postura cautelosa — rejeitando uma reserva estratégica de Bitcoin e reafirmando o papel central dos tradicionais pilares econômicos.

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