Nos últimos três meses, o fundo tokenizado BUIDL, da BlackRock, surpreendeu o mercado financeiro ao triplicar de tamanho e se aproximar da marca de US\$ 3 bilhões em ativos sob gestão. O avanço reflete o crescimento acelerado da tokenização de ativos do mundo real (Real World Assets – RWA), especialmente os títulos do Tesouro dos Estados Unidos, que têm ganhado cada vez mais espaço dentro do ecossistema de finanças descentralizadas.
O BUIDL, que foi lançado em março de 2024, rapidamente ganhou destaque ao unir a solidez dos títulos públicos americanos com a transparência e eficiência proporcionadas pela blockchain. Apenas nos primeiros meses deste ano, o fundo saltou de US\$ 1 bilhão para quase US\$ 3 bilhões, impulsionado por uma combinação de fatores que incluem entrada de capital institucional, busca por rendimentos estáveis e o amadurecimento da infraestrutura on-chain.
Boa parte desse crescimento inicial foi impulsionado pela alocação de grandes reservas institucionais, como a de projetos que utilizam stablecoins lastreadas em ativos do Tesouro. No entanto, o que chama a atenção agora é que, mesmo com a retirada desses aportes específicos, o fundo segue crescendo com força própria. A demanda por produtos financeiros tokenizados se fortaleceu, mostrando que o interesse pelo BUIDL vai além de movimentações pontuais.
Esse movimento ocorre em meio a uma forte expansão do mercado de RWAs, que cresceu cerca de US\$ 5 bilhões em valor total nos últimos três meses. O setor de títulos públicos tokenizados representa quase metade desse crescimento, consolidando-se como uma das áreas mais quentes dentro do universo cripto e financeiro.
O fundo da BlackRock também tem chamado a atenção pelos rendimentos consistentes pagos aos seus detentores. Desde março, os pagamentos mensais distribuídos pelo BUIDL cresceram mês a mês, ultrapassando os US\$ 10 milhões em maio. No acumulado desde o lançamento, o fundo já distribuiu mais de US\$ 43 milhões, consolidando-se como uma alternativa atrativa para quem busca exposição a ativos seguros com liquidez on-chain.
Com presença em múltiplas blockchains públicas — como Ethereum, Avalanche, Polygon e Optimism —, o BUIDL mostra que a interoperabilidade e o acesso diversificado são prioridades na estratégia da BlackRock. A transparência oferecida pela tecnologia blockchain permite que os investidores verifiquem, em tempo real, as reservas do fundo e o cumprimento dos compromissos de rendimento, algo incomum nos fundos tradicionais.
Esse cenário impulsiona a tese de que a tokenização de ativos do mundo real não é apenas uma tendência passageira, mas um movimento estrutural. A possibilidade de representar títulos públicos, imóveis, crédito privado e outros ativos em blockchain cria uma nova arquitetura financeira — mais eficiente, acessível e transparente.
Entretanto, alguns desafios ainda persistem. É necessário garantir a segurança dos contratos inteligentes e das pontes entre blockchains, além de estabelecer regulações claras que ofereçam proteção tanto a investidores institucionais quanto ao público de varejo. Também é fundamental garantir que as reservas que lastreiam os tokens sejam 100% verificáveis e auditáveis.
A BlackRock, ao liderar esse movimento com o BUIDL, posiciona-se como protagonista de uma transformação que pode redesenhar os mercados financeiros tradicionais. Se o ritmo de crescimento continuar e mais instituições seguirem esse caminho, o futuro das finanças pode, de fato, estar na blockchain. E o BUIDL talvez seja apenas o primeiro de muitos passos nessa direção.