Nos mercados globais, uma forte onda de aversão ao risco dominou o cenário nesta quarta-feira, 3 de setembro de 2025. Os rendimentos de títulos públicos de longo prazo dispararam, refletindo a inquietude dos investidores quanto ao acúmulo de dívida pública e déficits fiscais. No Japão, o rendimento do título de 30 anos atingiu um recorde histórico de 3,28%, e nos EUA e Reino Unido também houve alta expressiva nos prazos mais longos. Esse movimento evidencia o desconforto com o aumento da oferta de títulos, necessário para financiar déficits estruturais e estímulos econômicos. Paralelamente, o ouro rompeu sua máxima histórica, alcançando US$ 3.500, impulsionado pela busca por ativos seguros diante das incertezas fiscais e econômicas.
As bolsas reagiram com cautela: em Tóquio, o Nikkei recuou 0,5%, enquanto o índice amplo da Ásia-Pacífico teve leve alta. Nos Estados Unidos, dados fracos de produção industrial contribuíram para o pessimismo, marcando o sexto mês consecutivo de contração no setor. Nasdaq e S&P registraram quedas moderadas, ainda que futuros americanos tenham reagido positivamente após uma decisão judicial favorável à Alphabet no caso antitruste — ação que elevou as ações de tecnologia, especialmente Alphabet e Apple. O dólar se fortaleceu diante de moedas como o iene e a libra, pressionadas por cenários de fiscalidade tensa e incertezas políticas.
Expectativa por Decisões do Fed, Cenário Geopolítico e Incertezas Fiscais
A atenção dos investidores está voltada para os próximos dados econômicos cruciais: indicadores de serviços na Europa e a aguardada divulgação da folha de pagamentos não agrícola (nonfarm payrolls) dos EUA. Essas informações serão decisivas para calibrar as expectativas em torno de uma possível redução de juros pelo Federal Reserve — atualmente com 89% de probabilidade precificada pelos mercados para um corte de 25 pontos base.
Ao mesmo tempo, o cenário político adiciona instabilidade: na Europa, a possibilidade de um voto de desconfiança contra o primeiro-ministro francês — aliada à expectativa de aumentos de impostos no Reino Unido — tem elevado os rendimentos dos títulos nesses países a patamares históricos. Nos EUA, a incerteza sobre a política tarifária também persiste, enquanto na Ásia, houve retração na atividade industrial em boa parte da região, embora a China tenha surpreendido com leve expansão em seu PMI fabril. Esse quadro aponta para uma paisagem global marcada por fragilidade fiscal, desaceleração econômica e forte rotação entre ativos de risco e refúgio.
A combinação de alta nos rendimentos de longo prazo, valorização recorde do ouro, recuo em ações, e elevada expectativa de cortes de juros reflete a crescente cautela dos mercados diante de um cenário global incerto. Governos e bancos centrais estarão sob pressão para apresentar respostas concretas, com foco em estabilização fiscal e estímulo ao crescimento.
Com informações da Reuters
