Em dez anos, o Ethereum deixou de ser um projeto alternativo para se tornar um dos pilares centrais das finanças digitais. Essa primeira década foi marcada por avanços impressionantes e, agora, especialistas, desenvolvedores e analistas compartilham o que essa trajetória representou — e quais caminhos o futuro pode reservar.
Michael Egorov, fundador da Curve, abre a reflexão com uma perspectiva nostálgica e inspiradora: “Já são 10 anos de Ethereum — o tempo realmente voa! Vimos uma ideia se transformar em base sólida para um novo sistema financeiro global.”
Kirill Fedoseev, da Blockscout, destaca que o Ethereum hoje é mais do que apenas uma rede blockchain — é um ecossistema robusto: “Celebrar uma década do Ethereum é reconhecer o impacto de uma estrutura aberta que lidera inovações essenciais na infraestrutura da Web3.”
Anurag Arjun, cofundador da Avail e ex-membro da Polygon, traduz esse impacto em números: “O crescimento foi monumental — saímos de 15 transações por segundo para 24 milhões de transações diárias, somando 127 milhões de carteiras ativas e US$ 75 bilhões movimentados por protocolos DeFi.” Para ele, esses dados fortalecem a abordagem modular baseada em rollups.
Muriel Médard, da Optimum, vê a capacidade de adaptação como o maior trunfo da rede: “O que me atraiu no Ethereum foi sua habilidade de evoluir ao longo do tempo — e isso tem se confirmado ano após ano.” Agora, ela acredita que o próximo passo está em aprimorar a velocidade da rede para melhorar a comunicação entre usuários, desenvolvedores e aplicações.
Essa maturidade também começa a ser reconhecida pelo mercado tradicional. Segundo Shawn Young, da MEXC, a mudança de percepção institucional foi decisiva: “A adoção de ETFs de Ethereum gerou mais de 16 dias consecutivos de entradas líquidas, totalizando mais de US$ 5 bilhões.”
Ainda assim, a experiência do usuário continua sendo um gargalo. Vikram Arun, da Superform, aponta: “Após uma década, o Ethereum já é visto como infraestrutura essencial — o desafio dos próximos 10 anos será oferecer produtos com experiência fluida, como os de fintechs, via apps móveis.”
Rob Viglione, da Horizen Labs, pondera que o progresso pode ter parecido lento, mas foi profundo: “Embora nem sempre tenha sido rápido, avançamos muito na resolução de questões fundamentais. Agora, é hora de colocar a privacidade no centro, com tecnologias como a criptografia totalmente homomórfica.”
Para Steven Goldfeder, da Offchain Labs, o que mais inspira é o que ainda está por vir: “O que mais me empolga é o potencial inexplorado do Ethereum e a dedicação da comunidade em construir, com transparência, algo maior e melhor.”
Aryan Sheikhalian, da CMT Digital, faz um alerta estratégico: “Mesmo com o valor crescente gerado pelo Ethereum, há o risco de se tornar algo invisível, essencial, mas genérico — como o protocolo TCP/IP da internet.” Ele defende que a rede precisa manter protagonismo cultural e econômico com melhores padrões de liquidez, usabilidade e propriedade.
Já Hart Lambur, da UMA e Across, vislumbra um futuro de integração total: “O objetivo final é claro: uma rede de pagamentos e trocas que conecte todas as blockchains. Para isso, precisamos de interoperabilidade real e soluções de liquidez mais eficazes.”
Todos concordam em um ponto: os primeiros 10 anos foram só o começo. O desafio agora é escalar confiança, usabilidade, privacidade e cultura para o mundo todo.
O que se destaca nessa jornada é a resiliência e a escala global que o Ethereum alcançou. Um passeio rápido pela transmissão do evento “10 Anos de Ethereum” mostra comemorações em cidades como Toronto, Buenos Aires, Barcelona, Lagos e Mumbai. Com quase 100% de tempo de atividade desde o início e 16 atualizações bem-sucedidas, o Ethereum se consolidou como a rede mais estável e descentralizada da história recente — uma base sólida para o futuro das finanças e da tecnologia.