O Brasil está prestes a alcançar um marco significativo no cenário econômico global: tornar-se a primeira grande economia a adotar plenamente a tokenização de ativos. Essa transformação, impulsionada por inovações tecnológicas e regulatórias, promete redefinir a forma como ativos financeiros e reais são negociados e geridos no país.
A tokenização refere-se ao processo de converter direitos sobre um ativo físico ou financeiro em um token digital registrado em uma blockchain. Essa tecnologia permite a fracionamento de ativos, aumentando sua liquidez e acessibilidade. No Brasil, essa tendência tem ganhado força, com iniciativas que abrangem desde imóveis e commodities até créditos de carbono e dívidas públicas e privadas.
Michael Nicklas, sócio-gerente do Valor Capital Group, destaca o potencial do Brasil nesse contexto: “O Brasil deve ser o primeiro país a tokenizar sua economia, tornando-se a primeira economia global totalmente tokenizada”. Ele ressalta que a tokenização de ativos reais pode trazer diversas eficiências de custo, otimização e automatização de processos, além de desbloquear trilhões de dólares em liquidez ao transformar ativos ilíquidos em formas mais acessíveis e eficientes.
Um componente central dessa transformação é o Drex, a moeda digital do Banco Central do Brasil. Desenvolvido para integrar a tecnologia blockchain ao sistema financeiro nacional, o Drex oferece uma infraestrutura segura e eficiente para a tokenização de ativos. Sua implementação posiciona o Brasil como líder em inovação financeira, servindo de modelo para outras economias que buscam modernizar suas infraestruturas financeiras.
A adoção do Drex e a crescente tokenização de ativos no Brasil têm atraído a atenção de investidores globais. Grandes instituições financeiras, como a BlackRock, já lançaram fundos tokenizados, indicando um movimento em direção à digitalização de ativos tradicionais. No entanto, o Brasil diferencia-se por sua abordagem abrangente, integrando a tokenização em diversos setores da economia, desde o mercado imobiliário até o crédito e a dívida pública.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil também reconhece a importância da tokenização. O presidente da CVM, João Pedro Nascimento, afirmou que a tokenização de ativos é um modelo de negócios que veio para ficar e que a criptoeconomia deve ser integrada ao sistema financeiro nos aspectos aderentes à regulação. Ele enfatiza que o registro em blockchain de ativos financeiros tradicionais permite o aperfeiçoamento da forma de distribuir produtos de investimento, trazendo mais eficiência e transparência ao mercado.
Além disso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o mundo e o Brasil estão caminhando para uma economia tokenizada. Ele mencionou que o Pix, sistema de pagamentos instantâneos, funciona como um “trilho” para inserir a sociedade nessa economia digital, facilitando a transição para uma economia onde ativos são digitalizados e negociados em plataformas digitais.
A tokenização no Brasil não se limita ao setor financeiro. Setores como o mercado imobiliário, tradicionalmente fragmentado e dependente de processos manuais, podem se beneficiar significativamente. A tokenização oferece maior liquidez, permitindo que investidores acessem frações de propriedades, democratizando o investimento imobiliário e reduzindo custos operacionais. Além disso, soluções no mercado de crédito com estruturas mais otimizadas e acessíveis estão emergindo, impulsionadas pela tokenização da dívida pública e privada.
A integração de tecnologias descentralizadas com sistemas financeiros regulados é essencial para o sucesso dessa transformação. A interoperabilidade entre redes não permissionadas e iniciativas como o Drex permitirá que bancos centrais e instituições financeiras adotem as melhores tecnologias disponíveis, garantindo eficiência e inovação contínuas. O Brasil, ao criar o Drex como uma rede compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM), demonstra seu compromisso com a integração de tecnologias de ponta em seu sistema financeiro.
O Brasil está na vanguarda da revolução da tokenização, integrando tecnologia blockchain em sua economia de maneira abrangente e inovadora. Com o apoio de instituições financeiras, reguladores e investidores, o país está preparado para colher os benefícios de uma economia digitalizada, caracterizada por maior eficiência, transparência e acessibilidade. Essa transformação posiciona o Brasil como líder global na adoção de tecnologias financeiras emergentes, estabelecendo um modelo a ser seguido por outras nações.
Fonte: Futuro The Money