Uma revolução silenciosa teve início em janeiro de 2024 e está mudando a forma como o mercado enxerga o Bitcoin. A aprovação dos ETFs à vista de BTC nos Estados Unidos não apenas legitimou o ativo perante grandes fundos, como abriu caminho para uma verdadeira corrida institucional por acumulação.
Até pouco tempo atrás, o Bitcoin era tratado com ceticismo por boa parte do setor financeiro tradicional. Hoje, ele começa a ser integrado com naturalidade aos portfólios de gigantes de Wall Street. O ETF da BlackRock, o IBIT, já superou a marca de 700 mil bitcoins sob gestão — o equivalente a 3,5% de toda a oferta em circulação. Ao somar os fundos listados nos EUA, mais de 1,3 milhão de BTC estão em mãos institucionais, representando mais de 6% do fornecimento global.
Essa guinada gerou não apenas impacto no mercado, mas acendeu uma disputa com dimensões corporativas e geopolíticas. Inspiradas pela estratégia agressiva da MicroStrategy, que atualmente possui mais de 628 mil BTC em seu balanço, diversas empresas listadas estão adotando o Bitcoin como parte central de sua reserva patrimonial.
É o surgimento de uma nova classe de empresas — as chamadas Bitcoin Treasury Companies — que usam o ativo não apenas como proteção contra inflação, mas como mecanismo de valorização acionária e fortalecimento de marca. Entre elas estão a japonesa Metaplanet, a brasileira Méliuz e até a controversa Trump Media, nos Estados Unidos.
Nos bastidores do poder público, o movimento também avança. Pelo menos 28 estados norte-americanos discutem leis para permitir que parte dos fundos públicos sejam alocados em Bitcoin. O Arizona foi o pioneiro, autorizando até 10% das reservas estaduais a serem mantidas em BTC.
No cenário internacional, o ativo também começa a ser usado como ferramenta geopolítica. Países como China e Rússia já testam transações de energia com Bitcoin, numa tentativa de contornar sanções e reduzir a dependência do dólar como moeda padrão no comércio global. Outras nações sob sanções — como Venezuela, Bolívia, Irã e Coreia do Norte — estudam caminhos semelhantes.
Enquanto investidores de varejo ainda debatem se o Bitcoin é ou não uma bolha, os grandes já tomaram sua decisão. Empresas, fundos, estados e até nações enxergam o BTC como um ativo estratégico — escasso, resistente à censura e com potencial de valorização a longo prazo.
Com uma oferta limitada a 21 milhões de unidades e uma demanda crescente, o cenário está claro: a corrida por acumulação de Bitcoin já começou. E, como em toda corrida, quem chega por último paga mais caro.