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Ataque Hacker Desvia até R$ 1 Bilhão em Pix e Expõe Fragilidades no Sistema Financeiro

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O sistema financeiro brasileiro foi recentemente alvo de um dos maiores ataques cibernéticos da sua história. Uma ação coordenada por hackers conseguiu movimentar de forma indevida valores que variam entre R$ 400 milhões e R$ 1 bilhão, a partir de contas de liquidação mantidas por instituições financeiras no Banco Central. O caso acendeu um alerta vermelho para as vulnerabilidades do sistema Pix e a necessidade urgente de melhorias nos mecanismos de monitoramento e segurança.

O ataque teve como ponto de origem a C&M Software (CMSW), empresa de tecnologia que atua como intermediária entre instituições financeiras e o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). Os criminosos obtiveram acesso a credenciais privilegiadas da C&M e, a partir disso, conseguiram executar transferências fraudulentas utilizando o Pix. O dinheiro foi rapidamente desviado para diversas contas de terceiros — muitas delas de “laranjas” — e parte dos recursos foi convertida em criptomoedas por meio de operações em exchanges e mesas de OTC (mercado de balcão).

Apesar do valor expressivo envolvido, os clientes finais das instituições não foram afetados diretamente, já que os recursos estavam alocados em contas de liquidação interbancária, e não em contas correntes tradicionais. No entanto, os prejuízos foram significativos para os bancos impactados, que podem ser obrigados a arcar com os valores desviados, caso se confirme falha em medidas de segurança por parte da prestadora de serviços.

Diante do cenário, o Banco Central rapidamente bloqueou a conexão da C&M com o SPB e acionou a Polícia Federal. Além disso, o órgão utilizou o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para tentar recuperar parte dos valores desviados. O MED é uma ferramenta criada para lidar com fraudes no sistema Pix e permite, mediante solicitação da instituição de origem, o bloqueio e a devolução de recursos movimentados de forma indevida.

O funcionamento do MED segue etapas específicas: a vítima ou o banco prejudicado tem até 80 dias para solicitar a devolução; em seguida, o banco recebedor deve realizar o bloqueio dos valores por até sete dias, enquanto a análise é feita. Se a fraude for confirmada e ainda houver saldo, os recursos podem ser devolvidos integral ou parcialmente. Em casos emergenciais, também pode ser aplicado o chamado bloqueio cautelar, que congela os valores por até 72 horas imediatamente após a operação suspeita.

No caso do ataque à C&M, parte do dinheiro ainda foi recuperada, mas uma grande parcela já havia sido pulverizada ou transformada em ativos digitais — dificultando a rastreabilidade e o retorno. Especialistas apontam que os mecanismos atuais de proteção são insuficientes para operações de tamanha complexidade e velocidade, principalmente quando envolvem criptomoedas, que favorecem o anonimato dos envolvidos.

Outro ponto de crítica recai sobre a ausência de alertas automáticos em movimentações atípicas. O sistema atual prioriza limites mensais para pessoas físicas e jurídicas, mas permite que instituições operem com valores muito altos sem disparar sinalizações, especialmente quando se trata de operações internas ou corporativas. Essa brecha foi explorada pelos criminosos para movimentar grandes volumes sem chamar a atenção dos sistemas de prevenção a fraudes.

Em resposta, o Banco Central estuda uma nova versão do MED, mais robusta, com foco em rastreamento em cadeia, bloqueios preventivos mais agressivos e integração de alertas entre as instituições. A expectativa é que esse novo modelo permita não apenas a recuperação mais eficaz de valores, mas também a prevenção de ataques semelhantes.

O episódio serve como um alerta importante: embora o Pix tenha revolucionado o sistema de pagamentos no Brasil, sua flexibilidade e agilidade também o tornam um alvo atraente para fraudes sofisticadas. Proteger esse ecossistema será essencial para garantir que a inovação não venha acompanhada de riscos desproporcionais.

O Brasil agora encara o desafio de tornar seu sistema de pagamentos mais seguro, sem abrir mão da velocidade e conveniência que o Pix oferece. A resposta a esse incidente pode moldar o futuro da segurança financeira digital no país.

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