Na tarde de ontem (18), o Bitcoin oscilava em torno de US $104 200, mantendo-se quase inalterado após o Federal Reserve (Fed) dos Estados Unidos anunciar a manutenção da taxa básica de juros entre 4,25% e 4,50%. A decisão, amplamente esperada pelos mercados, reflete a cautela dos membros da autoridade monetária, que optaram por adiar cortes até avaliar melhor o impacto inflacionário de novas tarifas comerciais.
Durante a coletiva após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, descartou a possibilidade de elevação imediata dos juros, mas reforçou a necessidade de discrição: “Vamos agir de forma mais inteligente se esperarmos alguns meses”, destacou, ressaltando a incerteza sobre a real influência das tarifas sobre os preços ao consumidor. Ele também observou que “o mercado de trabalho não está clamando por um corte de juros”, o que justifica postergar qualquer decisão até que haja clareza sobre a evolução dos dados econômicos.
Apesar de sinalizar cautela, o Fed manteve a previsão de pelo menos dois cortes de juros neste ano. Segundo o novo “dot plot” – gráfico que reúne as projeções dos dirigentes – os juros devem ser reduzidos para 3,9% até dezembro de 2025, passando depois para cerca de 3,6% em 2026 e 3,4% em 2027.
Em paralelo, houve uma revisão das expectativas de inflação e crescimento econômico. Para 2025, o Fed projeta um índice PCE (despesa de consumo pessoal) em 3%, com o núcleo (core PCE) em 3,1%. Em relação ao PIB, a estimativa caiu para um crescimento de 1,4% no próximo ano, enquanto a taxa de desemprego deve subir para 4,5%, com tendência de estabilidade até 2026.
No mercado financeiro, o anúncio teve efeito limitado sobre o Bitcoin, que permaneceu estável. Já o mercado acionário dos EUA reagiu com leve alta, movimento reflexo da expectativa por cortes futuros mais graduais.
Este comportamento do Fed, combinando manutenção de juros altos com indicação cautelosa de futuras reduções, aponta para uma postura prudente diante da inflação. A preocupação com os efeitos de tarifas em potencial está diretamente ligada à escalada de tensões comerciais globais, que podem recolocar pressões inflacionárias em itens variados, desde commodities até bens de consumo. Esse contexto exige observação refinada por parte dos dirigentes, que precisam equilibrar suporte ao crescimento econômico com controle de preços.
Para o Bitcoin, essa combinação de fatores cria um ambiente de relativa calmaria — a manutenção dos juros altos e a promessa de cortes moderados sustentam o apetite por ativos de risco, ao mesmo tempo que limitam oscilações extremas nas taxas de câmbio e estímulos adicionais.
Em resumo:
- O Fed manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%, sinalizando possíveis cortes este ano, mas com cautela, em razão de pressões inflacionárias ligadas a tarifas.
- A nova projeção de juros aponta redução gradual até 3,4% em 2027.
- As estimativas para inflação e desemprego em 2025 foram revisadas para cima.
- O Bitcoin permanece estável, comprovando resiliência a movimentos moderados do Fed.