A Bolsa de Nova York (NYSE), por meio de sua divisão eletrônica NYSE Arca, deu um passo decisivo rumo à consolidação dos ETFs de criptomoedas ao protocolar nesta quarta-feira uma proposta de mudança em suas regras de listagem. O objetivo é permitir a inclusão de um ETF híbrido que combinaria 75% de Bitcoin e 25% de Ethereum, promovido pela Trump Media & Technology Group. A inovação representaria um marco regulatório, já que a bolsa está se adaptando para acolher ativos digitais de forma mais abrangente, alinhando-se às expectativas de investidores que desejam exposição a criptomoedas sem abrir mão da segurança e da infraestrutura institucional tradicional.
O ETF, por ora provisoriamente nomeado de Truth Social Bitcoin e Ethereum ETF, depende agora da avaliação da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC). A papelada — que inclui o registro S‑1 pela Trump Media e o formulário 19b‑4 pela NYSE Arca — prevê que o produto seja listado na plataforma NYSE Arca, com custódia e execução operadas pela Crypto.com. A proposta ressalta que as regras revisadas servem para prevenir práticas fraudulentas e manipulações, seguindo o rigor típico da NYSE em seus critérios iniciais e de manutenção de listagem.
Além desse fundo combinado, a Trump Media busca aprovação para lançar um ETF específico de Bitcoin, submetido no início de junho, e planeja expandir com outros produtos focados em empresas de blockchain, stablecoins e ativos digitais de forma mais segmentada. A estratégia de diversificação integra um plano maior da empresa, que já anunciou um aporte de US$ 250 milhões para suportar o lançamento dessas novas ofertas, reforçando sua transição do mundo das redes sociais — especialmente com Truth Social e Truth+ — para uma vertente financeira mais ampla e sofisticada.
O cenário regulatório apresenta novo grau de otimismo após a nomeação de Paul Atkins como presidente da SEC, figura vista com simpatia pelo mercado de criptomoedas, o que pode agilizar o processo. Contudo, a aprovação ainda depende de análise e deliberação, já que a entidade possui um histórico cauteloso em relação a ETFs de criptomoedas, mesmo diante da popularidade crescente desses instrumentos desde o surgimento dos primeiros ETFs spot de Bitcoin no início de 2024.
Se receber o aval da SEC, o Truth Social Bitcoin e Ethereum ETF permitirá aos investidores expor-se a essas duas maiores criptomoedas por meio de um único produto, com simplicidade operacional e em ambiente regulado — sem a complexidade de gerenciar carteiras cripto, chaves ou plataformas descentralizadas. Isso representa um avanço importante na aproximação do mercado institucional com as criptomoedas, abrindo caminho para um possível maior afluxo de capital de investidores que buscavam segurança e transparência.
Para Trump Media, o movimento reforça sua ambição de se reposicionar como uma empresa fintech além da mídia. A integração de produtos de investimento com sua base de usuários pode gerar sinergias de marca, aproveitando o engajamento dos seguidores de Truth Social. Ainda assim, a estratégia carrega riscos: além da incerteza regulatória, a concorrência com gigantes como BlackRock — que já domina o mercado com ETFs de Bitcoin com dezenas de bilhões sob gestão — será feroz, exigindo taxas competitivas, robusta infraestrutura e trunfos de marketing eficaz.
No longo prazo, a evolução dessa iniciativa abrirá precedentes para que outras bolsas e emissores explorem ETFs regulados de criptomoedas diversificados. Trata-se de um momento de inflexão, com os mercados tradicionais reagindo à maturidade crescente das moedas digitais e testando modelos estruturais para acomodar esses ativos sem comprometer a segurança dos investidores. Está em jogo não apenas a viabilidade de novos produtos, mas a integração definitiva das criptomoedas à arquitetura do mercado financeiro global.