Nesta quarta-feira, 30 de julho de 2025, o Ethereum celebra dez anos desde o lançamento de seu mainnet, marco que transformou a forma como pensamos em criptomoedas e tecnologia blockchain. Desde a publicação do white paper por Vitalik Buterin em 2013 até a criação da plataforma em 2015, o Ethereum se consolidou como o ecossistema líder de contratos inteligentes, abrindo caminho para inovações como DeFi, NFTs, DAOs e tokens ERC‑20 e ERC‑721.
Hoje, ocupa o segundo lugar em capitalização de mercado, ficando atrás apenas do Bitcoin, e sustenta bilhões de dólares em valor bloqueado em protocolos descentralizados. A trajetória da rede não foi livre de turbulências. Desde o hack bilionário do projeto The DAO em 2016, que resultou em um controverso hard fork — criando o Ethereum Classic — até a explosão da bolha das ICOs em 2017 e a explosão dos NFTs em 2021, o projeto mostrou resiliência. Durante o “DeFi Summer” de 2020, protocolos como Uniswap e Compound impulsionaram uma nova era de finanças descentralizadas, elevando o valor de ETH de modo significativo.
Em setembro de 2022, a rede passou por uma transformação significativa com “The Merge”, migrando de um consenso de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS). Essa mudança reduziu o consumo de energia em mais de 99% e deflacionou o ritmo de emissão de tokens, ao mesmo tempo em que manteve sua descentralização e segurança dentro de padrões robustos.
Marca de pioneirismo e expectativas para a próxima década
Ao completar uma década, o Ethereum está longe de estagnar. Recentemente, a comunidade e a Ethereum Foundation iniciaram uma reestruturação de governança para tornar o projeto mais transparente e eficiente, reforçando seu apelo institucional. Em 2024, os ETFs de ETH foram aprovados nos Estados Unidos, facilitando o acesso de investidores institucionais e elevando a demanda pela criptomoeda.
No início de 2025, o lançamento do upgrade Pectra (parte do roadmap de melhorias) foi considerado o mais significativo desde o Merge, ajudando a expandir a escalabilidade e melhorando a experiência do usuário, resultando em uma valorização de cerca de 45% em maio — desempenho superior ao do Bitcoin e de outras altcoins.
Atualmente, o ecossistema Ethereum gira em torno de mais de US$ 85 bilhões em valor bloqueado (TVL) em DeFi, consolidando-se como a principal plataforma de contratos inteligentes do setor. Empresas e fundos, como BitMine, SharpLink e GameSquare, já adotam estratégias de tesouraria em ETH, alcançando ganhos expressivos e exibindo confiança institucional no ativo como reserva de valor e fonte de rendimento por staking.
Desafios técnicos: escalabilidade, interoperabilidade e descentralização
Apesar de sua liderança, o Ethereum enfrenta problemas estruturais. O chamado trilema da escalabilidade — a impossibilidade de se atingir simultaneamente segurança, descentralização e escalabilidade — continua sendo uma barreira importante. As taxas de gás ainda são vistas como altas demais por usuários ocasionais, e a experiência multichain ainda carece de fluidez.
Para os próximos anos, várias melhorias estão planejadas: as etapas da “Surge, Scourge, Verge, Purge e Splurge” visam reduzir custos, acelerar a finalização de blocos e simplificar a execução de nós; esperam-se também recursos de zk‑rollups e fragmentação de dados (sharding) que reduzirão os requisitos de hardware dos validadores.
A adoção generalizada desses upgrades promete tornar o Ethereum ainda mais competitivo frente a blockchains rivais como Solana, Sui ou Avalanche — apontadas como mais escaláveis, mas com maior centralização ou menor maturidade.
No horizonte: Ethereum como infraestrutura do futuro financeiro
Especialistas veem nos próximos anos a evolução do Ethereum como camada de liquidação para toda a economia tokenizada, integrando interoperabilidade, identidade digital e governança desintermediada.
Firmas como ConsenSys apostam no uso de provas de conhecimento zero (zero‑knowledge proofs) e esquemas de estado expirável (state expiration), habilitando usuários a comprovarem identidade sem expor dados sensíveis.
Com uma comunidade vibrante, adoção institucional crescente e uma robusta pipeline de atualizações técnicas, o Ethereum pode se consolidar como a infraestrutura base de Web3 nos próximos anos. Projeções otimistas sugerem que o ETH pode chegar a valores entre US$ 8.000 e US$ 20.000 em 2025, podendo alcançar US$ 50.000–100.000 até 2035, caso a rede conclua sua escalabilidade e mantenha sua proposta de descentralização.
