Na segunda-feira, 11 de agosto de 2025, os mercados globais operaram com cautela, próximos das máximas, à medida que investidores aguardavam uma sequência de eventos geopolíticos e econômicos que podem definir o cenário financeiro das próximas semanas.
Aguardando o CPI dos EUA
Os mercados de ações e títulos mantiveram-se com pouco movimento enquanto esperavam pelo relatório de inflação ao consumidor dos Estados Unidos, programado para terça-feira. As expectativas concentram-se em um aumento de 0,3% no núcleo do CPI (medida que exclui alimentos e energia), o que resultaria em uma taxa anualizada de 3,0% — bem acima da meta de 2% do Federal Reserve. Esse número será decisivo: uma alta maior do que o estimado poderia ameaçar as apostas de corte de juros em setembro; por outro lado, uma leitura mais amena reforçaria esse cenário.
Geopolítica em Alta: Tarifas e Cúpula EUA–Rússia
A tensão diplomática também aumentou nesta semana. Um prazo para extensão da “trégua tarifária” entre EUA e China expira na terça-feira, e o mercado aguarda a possibilidade de renovação. Ao mesmo tempo, investidores acompanham o desenrolar de uma cúpula entre o presidente dos Estados Unidos e o presidente da Rússia na próxima sexta-feira, no Alasca, para discutir o conflito na Ucrânia — ambos os temas com potencial de influenciar ativos de risco e moedas.
Ásia e Europa: Recuperação Relativa
Na Ásia, as bolsas registraram leve alta, impulsionadas por fortes resultados corporativos no setor de tecnologia, especialmente no Japão. Apesar de o mercado local estar fechado por feriado, os futuros do Nikkei avançaram, sugerindo que o índice pode atingir uma nova máxima histórica ainda nesta semana.
Na Europa, o índice STOXX 600 iniciou o dia praticamente estável, com leve alta de 0,01%. A cautela se fez presente, sobretudo diante da incerteza sobre os desdobramentos da reunião EUA–Rússia, que pode afetar os papéis do setor de defesa. Além disso, ações específicas registraram movimentos expressivos: a Orsted caiu cerca de 28% após divulgar uma capitalização bilionária ligada a dificuldades no mercado de energia offshore nos EUA, enquanto companhias como Northern Data e Novartis reagiram a movimentações corporativas e avanços clínicos.
Crédito Sob Pressão, Investidores Cautelosos
Outro ponto de atenção foi o mercado de crédito corporativo, com spreads em patamares historicamente baixos — um indício de otimismo excessivo, segundo analistas. Algumas gestoras têm adotado posturas mais defensivas, reduzindo exposição a ativos de maior risco, em antecipação a um possível enfraquecimento econômico que poderia se materializar já no último trimestre do ano.
A “Trade” Mais Lotada: Magnificent 7 em Alta
Uma pesquisa recente com gestores de fundos revelou que o investimento contínuo nas “Magnificent 7” — grupo formado por gigantes da tecnologia como Nvidia e Microsoft — permanece como a posição mais comum entre fundos globais. Cerca de 45% dos gestores identificaram essa aposta como a mais “lotada”, impulsionada por resultados sólidos e maior confiança na economia global pós-choques tarifários. Ao mesmo tempo, apenas uma minoria antecipa uma forte recessão, enquanto o posicionamento líquido em ações globais atingiu o maior nível desde fevereiro, embora ainda abaixo do pico registrado em dezembro.
Panorama Geral: Um Mercado em Suspensão
Em resumo, os mercados globais iniciaram a semana em modo de espera, equilibrando otimismo contido e nervosismo latente. As ações continuam sustentadas — especialmente graças à robustez dos resultados do setor de tecnologia e à possibilidade de corte de juros. No entanto, o afrouxamento financeiro futuro depende fortemente dos dados de inflação dos EUA e dos rumos da diplomacia internacional.
No mercado de crédito, sinais de euforia nos spreads — agora nos mínimos — geram preocupação entre gestores mais cautelosos. A concentração elevada nas mega-tecnológicas adiciona vulnerabilidade, caso algum desses pilares venha a enfraquecer.
A volatilidade, que historicamente aumenta em agosto, pode se intensificar mais do que o habitual se algum dos fatores-chave — especialmente o CPI dos EUA, as negociações tarifárias ou a cúpula EUA–Rússia — fugir das expectativas.
Com informações de Reuters
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