Nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, os mercados globais apresentaram um movimento misto, refletindo a combinação entre a fragilidade de dados econômicos nos Estados Unidos, especulações sobre cortes de juros e a possibilidade de um novo acordo comercial entre EUA e China. Investidores ao redor do mundo buscaram reorganizar suas posições diante de um cenário marcado por incertezas e oportunidades.
Estados Unidos: Sinais de alerta no setor de serviços
Nos Estados Unidos, os dados do setor de serviços mostraram sinais de desaceleração. Os pedidos permaneceram praticamente estagnados, a criação de empregos perdeu força e os custos de insumos aumentaram no ritmo mais acelerado em quase três anos. Esses indicadores reforçam a percepção de que a economia americana está enfrentando dificuldades adicionais, especialmente diante das tarifas impostas recentemente e de incertezas políticas domésticas.
A reação nos mercados foi moderada, com o índice Dow Jones recuando levemente, enquanto o S&P 500 manteve-se próximo da estabilidade. Já o Nasdaq teve uma pequena alta, impulsionado principalmente por empresas de tecnologia e saúde. Apesar da cautela, investidores passaram a precificar com mais convicção a possibilidade de o Federal Reserve adotar cortes de juros já na próxima reunião, como forma de estimular a economia.
Europa e Ásia: Bolsas reagem positivamente
Em contrapartida, os mercados da Ásia e da Europa fecharam em alta. Ações de tecnologia e consumo lideraram os ganhos, especialmente entre empresas com exposição global, que poderiam se beneficiar de uma eventual trégua comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Na Europa, o otimismo também predominou. Os principais índices de ações avançaram, refletindo não só o alívio nos mercados americanos como também a expectativa de que os bancos centrais europeus sigam uma postura mais branda nos próximos meses, acompanhando o provável afrouxamento monetário do Federal Reserve.
Commodities e câmbio: pressões persistem
No mercado de commodities, os preços do petróleo recuaram pelo quarto dia consecutivo, pressionados por temores de excesso de oferta e pela perspectiva de desaceleração na demanda global. O movimento foi reforçado pelos dados fracos vindos dos Estados Unidos e pelas incertezas em torno do crescimento chinês.
O ouro também teve queda, após uma sequência de ganhos recentes, em movimento de realização de lucros. No mercado cambial, o dólar oscilou pouco, mas segue pressionado pelas apostas em cortes de juros e pela instabilidade política em Washington.
Negociações entre EUA e China voltam ao centro do radar
Um dos principais gatilhos de expectativa nos mercados foi a sinalização, por parte do presidente dos Estados Unidos, de que está disposto a encontrar-se com o líder chinês ainda este ano, caso um acordo comercial seja finalizado até meados de agosto. Essa sinalização renovou as esperanças de uma trégua tarifária, especialmente em setores estratégicos como semicondutores, medicamentos e componentes tecnológicos.
As negociações, que estavam estagnadas há semanas, voltaram a ser monitoradas com atenção por investidores, que buscam sinais mais concretos de avanço. Um eventual acordo poderia aliviar pressões inflacionárias e impulsionar as cadeias produtivas globais, que ainda enfrentam gargalos logísticos e dificuldades regulatórias em diversos mercados.
Perspectivas
O cenário global permanece desafiador, mas com pontos de atenção que podem se transformar em oportunidades. A possível flexibilização da política monetária nos Estados Unidos, aliada à retomada do diálogo entre Washington e Pequim, pode dar novo fôlego aos mercados. Ainda assim, a fragilidade de alguns indicadores econômicos e a instabilidade política nos EUA exigem cautela dos investidores.
A tendência é que os próximos dias sejam marcados por ajustes e maior volatilidade, com o mercado dividido entre a expectativa de estímulos e os riscos de uma desaceleração econômica mais acentuada. A atenção agora se volta para os próximos comunicados do Federal Reserve e o desenrolar das negociações comerciais, que devem definir o rumo dos mercados nas próximas semanas.
Com informações da Reuters/REUTERS/Jeenah Moon/File PhotoPurchase