Após uma pausa de quase dois anos, o PicPay anunciou a volta da negociação de criptomoedas em sua plataforma, atendendo a uma crescente demanda dos seus mais de 60 milhões de usuários. A retomada acontece em meio ao avanço significativo do marco regulatório do setor de criptoativos no Brasil, que trouxe mais clareza jurídica e confiança para empresas e investidores. Em 2023, o PicPay havia suspenso as operações em cripto, citando incerteza regulatória e adesão limitada. Hoje, a avaliação da fintech é bem diferente: o mercado está mais maduro, reguladores avançaram e os usuários demonstram entusiasmo com o retorno dos ativos digitais.
A nova fase oferecerá inicialmente 12 criptomoedas, entre elas as principais: bitcoin, ether, USDC, Uniswap, Chainlink, Litecoin, Polygon, Bitcoin Cash, Aave, Solana, XRP e Dogecoin. A oferta será gradual, com funcionalidades pensadas para facilitar a experiência dos usuários, incluindo alertas de preço configuráveis (por exemplo, notificações de queda ou alta de 5% ou 10%) e isenção de taxas em transações acima de R$ 100 no período inicial. Essa combinação de ativos diversificados e funcionalidades torna o PicPay uma das plataformas mais acessíveis para quem quer começar a investir em cripto sem complicação.
Segundo Anderson Chamon, vice-presidente de Novos Negócios do PicPay, a iniciativa é fruto não apenas do ambiente regulatório mais claro, mas também de duas tendências convergentes: “o crescimento da maturidade do mercado e a demanda consistente dos usuários”. Em 2022, apenas sete meses após o primeiro lançamento em sua plataforma, mais de 1 milhão de pessoas já negociavam cripto via PicPay — número que reforça o potencial do segmento na fintech. Com isso, a volta ao mercado representa mais do que um retorno: faz parte de uma estratégia de longo prazo para ampliar o portfólio de produtos financeiros e integrá-los à rotina dos clientes.
A perspectiva de longo prazo é reforçada pela integração dos criptoativos ao ecossistema do PicPay. A fintech planeja introduzir novos tokens ao longo do tempo e lançar recursos focados em personalização e segurança. Entre as inovações previstas estão adesão facilitada a novos ativos, ferramentas de análise de portfólio, notificações customizadas e, quem sabe, recursos de staking e rendimentos associados. Esse movimento está alinhado ao que muitos especialistas chamam de “mudança estrutural no sistema financeiro”, onde criptomoedas ganham espaço tanto como investimento quanto como parte cotidiana da vida financeira digital.
Em um contexto nacional, o retorno do PicPay às criptos sinaliza um importante estágio de maturação para o mercado brasileiro. O país se encontra entre os líderes globais em adoção de criptoativos, com uma base de usuários extremamente ativa, e o desenvolvimento de uma regulamentação robusta — incluindo medidas tributárias e requisitos para exchanges — fortalece essa posição. A postura cautelosa adotada em 2023 deu lugar a uma abordagem decisiva em 2025, reforçando credibilidade junto aos reguladores e investidores.
Para os clientes do PicPay, a reativação dá mais opções dentro do app, que já oferece serviços de pagamento, cashback, cartões e crédito. A integração com cripto coloca a fintech em linha com concorrentes diretos, como Mercado Pago e bancos digitais que já operam com ativos digitais. No entanto, o diferencial está no alcance e na facilidade de uso: poucos players conseguem unir simplicidade, tecnologia escalável e apoio regulatório.
Ainda existem desafios: o mercado de criptomoedas mantém alta volatilidade, demanda constante educação financeira e requer infraestrutura segura e compliance robusto. O PicPay, portanto, terá que seguir rigorosamente as exigências do Banco Central e Receita Federal, além de garantir proteção de dados e prevenção à lavagem de dinheiro. Se bem-sucedido, esse movimento pode impulsionar ainda mais a adoção de criptomoedas em massa, transformando os criptoativos de nicho tecnocrático em parte integrante da vida financeira do brasileiro médio.
Em resumo, o retorno do PicPay ao universo cripto é um marco para o setor no Brasil. Reflete um mercado mais confiante, usuários mais maduros e um ambiente regulatório cada vez mais estruturado. Com um plano ambicioso de expansão e funcionalidades que visam melhorar a jornada do investidor, o PicPay se reposiciona como um dos protagonistas da revolução financeira digital, e seu desempenho nos próximos meses será um termômetro do futuro das criptomoedas no país.