A maneira como o dinheiro circula está mudando — e rápido. Enquanto o usuário final envia pagamentos ou recebe salários em segundos, sem perceber, uma complexa engrenagem de stablecoins já sustenta parte dessas operações. “Stablecoins não são o futuro. São o presente invisível do dinheiro” analisa Fred Amaral, CEO da Lerian, startup referência em infraestrutura financeira open source para core banking na América Latina.
Esses criptoativos, atrelados em moedas fiduciárias como o dólar ou o real, tornaram-se a base para transações B2B, remessas internacionais e até liquidação de faturas. “Pagamentos são liquidados em segundos, câmbio é feito automaticamente no backoffice e salários são pagos em dólar digital. A nova infraestrutura do dinheiro é silenciosa, mas exige um core bancário capaz de acompanhar” explica Amaral.
Desafios além da blockchain
Apesar do avanço, a adoção de stablecoins esbarra em uma realidade incômoda: a maioria dos sistemas financeiros tradicionais não está preparada para lidar com sua diversidade. “Tokens têm múltiplos lastros — fiduciários, commodities ou até algorítmicos —, emissores variados (governos, bancos ou entidades privadas) e exigem integração com blockchains públicas e privadas”, destaca o executivo.
O resultado? Instituições ficam dependentes de soluções externas, travando a inovação. “Se sua infraestrutura não suporta ledger multi-ativo, conciliação automatizada ou mensageria adaptável, você está limitando seu ecossistema”, alerta Amaral.
O caminho para um core banking próximo do digital
Para Amaral, a resposta para superar essas barreiras passa por núcleos bancários concebidos para a flexibilidade. “Um core preparado precisa ter contabilidade nativa para ativos digitais, governança modular e capacidade de integrar diferentes protocolos sem reescrever o código a cada novidade”, diz.
Nesse cenário, soluções como ledgers open source — capazes de suportar múltiplas moedas e classes de ativos por padrão surgem como alternativa para garantir escalabilidade e conformidade regulatória: “Não se trata só de aceitar uma wallet. É sobre reconstruir a infraestrutura para que ela evolua com a economia real”, complementa.
Pressão por modernização
Casos como o Tether (USDT), líder do setor de stablecoins e com um market cap de aproximadamente US$ 164 bilhões em circulação, e a Ethena (USDe), que aponta como uma stablecoin emergente no mercado com US$ 9,8 bilhões em circulação, além das stablecoins públicas como USDC (EUA), XSGD (Singapura) e BRLx (Brasil) vêm ganhando espaço em pagamentos corporativos e operações cross-border. Com isso, a pressão por modernização só aumenta. “Stablecoins são a ponte entre o tradicional e o digital. Quem não se preparar ficará fora dessa rede global de liquidações em tempo real” finaliza Amaral.
Para o mercado, a mensagem é clara: a simplicidade do front esconde uma complexidade de backoffice que poucos enxergam — e menos ainda dominam. Por trás de um clique no aplicativo, há uma arquitetura que precisa orquestrar múltiplos ledgers, mensagerias que falam com sistemas tradicionais e redes blockchain, mecanismos de reconciliação em tempo real, camadas de segurança e governança que atendem diferentes jurisdições, além de garantir disponibilidade 24/7.
Nesse cenário, só sobrevive quem tiver um core banking à altura: aberto para integrar novas tecnologias, robusto para suportar volumes crescentes e modular para evoluir sem paralisar a operação. É a diferença entre simplesmente processar transações e realmente sustentar a nova economia digital.
Sobre a Lerian
A Lerian é uma startup que desenvolve soluções inovadoras de core banking open source. Combinando expertise técnica em tecnologia, serviços financeiros e banking as a service, a empresa oferece ferramentas projetadas para dar autonomia e performance a instituições de todos os portes. Seu principal produto é o Midaz, o primeiro ledger open source de alta performance voltado ao setor financeiro, capaz de atender múltiplos mercados com flexibilidade e robustez.